sábado, 3 de dezembro de 2016

Oxfam, Bedford Street, Norwich (11/2016)

Restavam apenas alguns dias até a minha volta para o Brasil. Eu estava em Norwich, no Reino Unido, mais precisamente na região de East Anglia, no leste da Inglaterra. Havia planejado trazer vários livros em inglês para poder manter o contato com a língua e dentre biografias e livros com a temática envolvendo The Smiths e The Jam, estava A Taste of Honey de Shelagh Delaney. O dia foi dedicado para um breve passeio. Lá estava eu mais uma vez andando pelas ruas do centro da cidade. Um passada rápida pela região do Maddermarket me fez lembrar de uma loja de sebos que ficava por ali. Entrei na loja, a mesma que eu havia visitado meses atrás e de uma forma frustante havia descoberto que os Smiths não são tão populares quanto eu imaginava no seu próprio país. Na loja não havia nada da Delaney. Muito menos na segunda loja que visitei na Davey Place, sob sugestão da moça que me atendeu na loja anterior. Se não encontrei A Taste of Honey, ao menos pude comprar um bom livro do George Orwell, asssunto para um futuro texto, diga-se de passagem.

City Bookshop, Davey Place, Norwich
Na City Bookshop da Davey Place, um rapaz se ofereceu para emprestar o seu A Taste of Honey. Quando usando o meu inglês acanhado citei a motivação que me impulsionava a procurar esse livro nos sebos da cidade, o rapaz me olhou com uma cara que denotava o seu desconhecimento com relação aos Smiths e a sua importância. Porém, como minha intenção era ter o livro e não apenas lê-lo, ele me sugeriu seguir até a Bedford Street pela London Street e procurar pela Oxfam. Oxfam não me era um nome estranho. Havia visto uma loja com esse nome da Magdalen Street (outro assunto para outro texto). Na ocasião, percebi que a loja estava cheia e que havia um pouco de tudo lá dentro, mas não entrei. A Oxfam, para quem não conhece, é uma confederação de organizações que atua na busca de soluções para a pobreza e injustiça (segundo a wikipedia). Como é muito comum no Reino Unido, esse tipo de organização (ou confederação de organizações, como é o caso) possui várias lojas que vendem produtos usados por um preço acessível. Outra organização que atua da mesma forma é a British Heart Foundation. A BHF, como o próprio nome sugere, atua no combate a doenças coronárias.

Bedford Street com uma placa indicando a importância arqueológica da rua
Capa do livro A Taste of Honey. O livro que comprei é da mesma edição, porém a imagem da capa é diferente 
Ao chegar na Oxfam da Bedford Street, minhas esperanças em encontrar o livro eram mínimas. Eu na realidade, estava ali naquela loja muito mais com o intuito de descobrir o que eles vendiam. Subi os degraus que levavam ao primeiro andar da loja e vi a estante de livros relacionados a peças de teatro. Lá se foi a primeira prateleira e nada do livro. Porém ao passar os olhos pela segunda prateleira, lá estava um livro fino, azul, com o título da borda laterial: a Taste of Honey. A minha felicidade foi tamanha que desci correndo os degraus, paguei o livro, troquei algumas palavras com a atendente da loja e fui pra rua. Andei pelas ruas em volta. Ruas que não viria mais daqui a alguns dias. Aquela sensação de felicidade me fazia enxergar o quão afortunado eu era por estar ali. De poder andar por aquelas ruas, visitar aquelas lojas, encontrar aqueles livros, discos, roupas, bebidas e tantas outras coisas que são consideradas objetos sacrossantos para mim. Um momento de reflexão em plena rua, o meu lugar sagrado. Para mim, estar em um lugar sagrado não significa estar dentro de uma igreja, não é estar trancafiado em um prédio, é estar na rua. Não há melhor maneira de se conhecer uma cidade do que andar pelas suas ruas. Andar a pé. Se localizar e portanto conhecer a cidade, que é feita de ruas. Quando visito uma cidade, passo o dia inteiro andando. Para mim não me interessa passar horas sentado em um banco numa praça, trancafiado em um hotel, ou tentando me localizar e encontrar significados em quadros, esculturas e afins. Não que isso não seja interessante, porém não é esse o melhor meio de se conhecer uma cidade. Os museus são um importante complemento, pois não basta caminhar por si só, é preciso se informar, mas são as ruas que provêm o conhecimento vivo, na prática. Às vezes é preciso ir além dos livros. Quando se tem um bom tempo para se conhecer uma cidade, obviamente, após caminhar pelas suas ruas, pode-se despender um bom tempo nos museus e outras atrações. Mas não antes, só depois. E se não há tempo, prefiro caminhar até não aguentar mais. Até a fome, a sede, as necessidades fisiológicas e as nossas limitações físicas me obrigarem a parar.
Oxfam da Bedford Street
E depois de andar muito. E depois de conhecer a Oxfam e comprar A Taste of Honey, estou de volta para a cidade maravilhosa em que escolhi viver. Poderia ter dedicado esse texto a falar da importância do livro, que influenciou os Beatles (A Taste of Honey é o nome de uma de suas músicas, para quem não sabe) e o Morrissey, o que me motivou procurar por ele. Mas deixei me levar e prefiro que assim seja. Com naturalidade.                            

(Todas as imagens acima foram obtidas a partir do google e portanto não são fotos de minha autoria)
 

quinta-feira, 26 de maio de 2016

Super-homem, a canção: uma letra de Gilberto Gil com parte da essência da psicologia de Carl Jung

"Super-homem, a canção" sempre foi uma das minhas músicas prediletas compostas por Gilberto Gil. Desde o começo, a sua melodia suave me chamou atenção em meio às outras músicas do magnífico disco Realce: as mais badaladas e energéticas Toda menina baiana, Marina, Não chores mais, Realce e por que não Sarará miolo, a reflexiva Rebento, a descritiva (quase um registro histórico) Tradição, e Logunedé, uma louvação da cultura/religião brasileira de matriz africana, característica tão presente na obra de Gil. 
Capa do disco Realce de Gilberto Gil.
Com o passar do tempo, a sua melodia não me satisfazia, queria compreender a sua letra. No primeiro momento, imbuído dos preconceitos humanos, imaginei ser essa letra uma espécie revelação sexual. Pensava eu ser essa letra uma forma que o Gil usava para expressar algum traço homossexual, no seu real sentido. Procurei então o que o próprio Gil falava a respeito dessa música e me deparei com um depoimento em uma entrevista no canal GNT (referência 1) e uma explicação no site do compositor falando a respeito dessa música (referência 2). Sobre a inspiração para a letra, diz o próprio Gil (referência 2):

"De repente eu ouvi uma zuada: era Caetano chegando da rua, falando muito, entusiasmado. Tinha assistido o filme Super-homem. Falava na sala com as pessoas, entre elas a Dedé [Dedé Veloso, mulher de Caetano à época]; eu fiquei curioso e me juntei ao grupo. Caetano estava empolgado com aquele momento lindo do filme, em que a namorada do Super-homem morre no acidente de trem e ele volta o movimento de rotação da Terra para poder voltar o tempo para salvar a namorada. Com aquela capacidade extraordinária do Caetano de narrar um filme com todos os detalhes, você vê melhor o filme ouvindo a narrativa dele do que vendo o filme... Então eu vi o filme. Conversa vai, conversa vem, fomos dormir. 
"Mas eu não dormi. Estava impregnado da imagem do Superhomem fazendo a Terra voltar por causa da mulher. Com essa idéia fixa na cabeça, levantei, acendi a luz, peguei o violão, o caderno, e comecei. Uma hora depois a canção estava lá, completa."

É interessante ver que essa música tenha surgido a partir de uma inspiração do personagem Super-homem das histórias em quadrinhos. Sobre o suposto conteúdo de revelação sexual, Gil escreve (referência 2):

"Sobre a 'porção mulher' - Muita gente confundia essa música como apologia ao homossexualismo, e ela é o contrário. O que ela tem, de certa forma, é sem dúvida uma insinuação de androginia, um tema que me interessava muito na ocasião - me interessava revelar esse embricamento entre homem e mulher, o feminino como complementação do masculino e vice-versa, masculino e feminino como duas qualidades essenciais ao ser humano."

Nas linhas acima, claramente Gil tenta desmistificar a ideia de que essa letra constituiria uma espécie de apologia ao homossexualismo. Ela é algo mais. A porção mulher a que Gilberto Gil se refere pode ser encarada como a manifestação da "anima", um conceito elaborado pelo psicólogo Carl Jung. Segundo Jung, todo ser humano possui características psicológicas que remetem a ambos os sexos, uma dualidade bastante semelhante aos conceitos de Yin Yang do Taoismo. O homem teria uma parte interior feminina da sua psique chamada de anima. O equivalente feminino seria chamado então de animus. 
Carl Jung
De uma forma geral, os nossos traços de personalidade seriam derivados de uma ação maior ou menor do nosso componente psíquico de gênero oposto. As características da amina nos daria os traços associados ao papel feminino da mulher perante a história da humanidade, que em grande parte estaria relacionados ao cuidado dos filhos, do lar e à maior sensibilidade. O aminus estaria relacionado à virilidade e atitude conquistadora e aventureira (confesso que preciso aperfeiçoar o meu entendimento desses conceitos, mas do que li até hoje, essa dualidade proposta por Jung carrega um certo preconceito machista).    

Há de se esperar, dessa forma, que dotados dessa dualidade, busquemos o equilíbrio entre essas duas entidades psíquicas. No caso da música do Gil, entendo que o eu lírico vive uma situação de vislumbramento ao se dar conta da existência da amina e de como a sua vida melhora a partir da consciência da atuação desse componente psíquico.

Além de falar da amina, outro componente Jungiano presente na letra do Gil é o arquétipo do mito do heroi. Para Jung, esse é um arquétipo presente no inconsciente coletivo e a prova disso é a existência de inúmeras histórias, mitos, lendas contadas em diversas sociedades distintas e em eras igualmente diferentes que trazem uma mesma estrutura de enredo. É preciso, antes de mais nada, deixar claro, pelo menos em algumas linhas, do que se trata esse inconsciente coletivo. Para Jung, além do inconsciente pessoal (tal como o que foi descrito na Psicanálise Freudiana), nossa psique seria dotada do inconsciente coletivo. Esse inconsciente está carregado de arquétipos (ou imagens, símbolos, conceitos, modelos) armazenados pelo ser humano desde o início dos tempos. É como se cada indivíduo compartilhasse uma parte em comum da sua psique, referente às memórias do ser humano sujeitas ao processo de evolução, simplesmente como algo inerente à nossa espécie.

Dito isso, as semelhanças entre o mito do heroi em várias lendas, mitos, ou histórias em geral, desde Sansão (heroi bíblico) até o Super-homem (das histórias em quadrinho), demonstra como esse arquétipo está presente na nossa psique (especificamente no inconsciente coletivo).


Em "Super-homem, a canção", Gil descreve o mito do heroi e parte da sua significação quando escreve:
 

"Quem sabe o super-homem venha nos restituir a glória
Mudando como um Deus o curso da história
Por causa da mulher"

Nesses versos, Gil fala da ação do super-homem ao resgatar a donzela em perigo, como acontece no filme desse super-heroi. O ato de salvar a donzela simboliza, no mito do heroi, a libertação da amina como componente íntimo da psique (referência 3). Desse modo, poder-se-ia interpretar essa passagem da música da seguinte forma: o super-homem seria o nosso ego, capaz de restituir a totalidade do nosso ser, necessária para a nossa realização (ou para a nossa glória), ao libertar a nossa amina, ou aminus.

Poderia ainda dizer que se Gil não considerou essa visão psicológica Jungiana ao escrever essa letra, o fez baseando-se nos acima citados arquétipos presentes no seu próprio inconsciente, seja ele o pessoal ou o coletivo, o que reforça a teoria de Jung. 

Observação: queria deixar claro que não sou psicólogo, portanto, é possível que esse texto contenha alguns erros ou imprecisões nos conceitos psicológicos; o propósito 
deste texto é apenas o de apresentar uma tentativa de significação sob a luz da teoria de Jung.   






REFERÊNCIAS

1. http://gnt.globo.com/programas/papo-de-segunda/materias/gilberto-gil-conta-como-criou-musica-super-homem-inspirado-no-filme-de-1978.htm

2. http://www.gilbertogil.com.br/sec_musica.php?page=5

3.  JUNG, C. G. O homem e seus símbolos. 2ª ed. Nova Fronteira: Rio de Janeiro, 2008.

sábado, 21 de maio de 2016

It' not your birthday anymore

Noite de mais um domingo com cara de "everyday is like sunday". Só quem realmente conhece essa música sabe do que eu estou falando. Estava aqui pensando na vida quando o meu inconsciente me envia dos seus redutos mais produtivos, "It's not your birthday anymore". Dei-me conta de que nunca tinha lido o que o Simon Goddard fala dessa música em "Mozipedia", a enciclopédia dos aficionados por Morrissey.

Capa do disco Years of Refusal, no qual se encontra a música It's not your birthday anymore. 
Achei interessante quando ele fala que há uma carga sexual agressiva nessa letra. E de fato é o que parece ser. Nos versos abaixo, isso está muito claro quando ele fala do suposto amor que está "dando exatamente aqui e agora no chão".

All the gifts that they gave
Can't compare in any way
To the love I am now giving to you
Right here right now on the floor

Porém, eu diria que isso não indica qualquer tipo de apologia ao estupro. Muitos poderiam chegar a essa conclusão, como já foi feito com relação a análises de outras letras do Morrissey acusadas de apresentar um tom racista, o que não é o caso. Analisando todo o contexto do que seria o mundo do Morrissey (ou seja, suas letras, declarações, opiniões e posicionamentos), não acredito nessa possibilidade, apesar de reconhecer que de certa forma, para o leigo em Morrissey, é possível que se pense assim. Nesta letra, acredito muito mais na possibilidade de que a pessoa que pratica o ato sexual com o eu lírico no fundo queria aquilo, apesar de dizer que não, como está escrito na passagem:

Your voice it might say 'no'
But the heart has a will of its own
Your voice it might say 'no'
But the heart has a heart of its own
It's not your birthday anymore  

Mas é preciso dizer que o eu lírico não tem mesmo a menor intenção de ter qualquer tipo de relação amorosa com a outra pessoa que participa do ato. Morrissey fala nessa letra basicamente do instinto animal. Do buscar o saciamento sexual. É um tipo de relação muito estranha e complexa, portanto, a que se estabelece entre as duas pessoas dessa letra. A de um eu lírico que quer unicamente se saciar sexualmente, de uma forma agressiva até, com a da segunda pessoa, que apesar de dizer que não quer participar do ato sexual, tem um desejo interior que diz o contrário.

Outra coisa que acho muito interessante sobre essa letra e merece nota é a crítica que o Morrissey faz à hipocrisia forçada nas festas de aniversário. Ele fala da obrigação que as pessoas têm de desejar parabéns e externar sentimentos para outras pessoas que não condizem com o que elas sentem na realidade. Nos versos abaixo isso está bem claro:

It's not your birthday anymore
Did you really think we meant
All those syrupy, sentimental things
That we said?

Simon Goddard ainda fala na sua Mozipédia do bom desempenho vocal do Morrissey nessa música, dizendo inclusive que o Morrissey "se esforçou um pouco mais" nessa canção e eu finalizo falando que essa é mais uma bela música produzida por Alain Whyte. Definitivamente, Alain Whyte deveria ser um músico constante da banda que acompanha o Morrissey, Pena que o próprio Morrissey não enxerga isso. Ele deve ter as suas razões mesquinhas, as usual.

Segue a letra completa para quem quer dar uma conferida, seguida da sua tradução (extraídos de https://www.letras.mus.br/morrissey/1409085/traducao.html):

It's Not Your Birthday Anymore

Your voice it might say 'no'
But the heart has a will of its own
Your voice it might say 'no'
But the heart has a heart of its own
It's not your birthday anymore
There's no need to be kind to you
And the will to see you smile
And belong has now gone

It's not your birthday anymore
Did you really think we meant
All those syrupy, sentimental things
That we said?

It cannot be given
And so it must be taken
It cannot be given
And so it must be taken

All the gifts that they gave
Can't compare in any way
To the love I am now giving to you
Right here right now on the floor
All the gifts that they gave
Can't compare in any way
To the love I am now giving to you
Right here right now on the floor

It's not your birthday anymore
There's no need to be kind to you
And the will to see you smile
And belong has now gone
It's not your birthday anymore
Did you really think we meant
All those syrupy, sentimental
Things that we said yesterday?

Não É Mais Seu Aniversário

Sua voz pode dizer "não"
Mas o coração tem sua vontade própria
Sua voz pode dizer "não"
Mas o coração tem sua vontade própria
Não é mais seu aniversário
Não é mais preciso ser cuidadoso com você
E a obrigação de ver você sorrir
E fazer parte agora se foi

Não é mais seu aniversário
Você realmente pensou que nós sentimos
Toda aquela xaropada sentimentalóide
Que nós dissemos?

Isso não pode ser dado
Então isso tem que ser conquistado
Isso não pode ser dado
Então isso tem que ser conquistado

Todos os presentes que te deram
Não se comparam de modo algum
Ao amor que estou dando para você
Exatamente aqui e agora, no chão
Todos os presentes que te deram
Não se comparam de modo algum
Ao amor que estou dando para você
Exatamente aqui e agora, no chão

Não é mais seu aniversário
Não é mais preciso ser cuidadoso com você
E a obrigação de ver você sorrir
E fazer parte agora se foi
Não é mais seu aniversário
Você realmente pensou que nós sentimos
Toda aquela xaropada sentimentalóide
Que nós dissemos ontem?

   

O concreto aparente como sinal de modernidade: brutalismo no Brasil

Assim que vi o projeto de modernização do Mineirão para a copa do mundo de 2014, fiquei pasmo com o fato de que a sua fachada e boa parte externa do teto seriam mantidas. Sempre achei aquela estrutura crua enorme com o concreto aparente em praticamente toda a sua extensão de um mal gosto tremendo. Ficava me perguntando: mas por que manter essa estrutura tão antiquada quando os países mais desenvolvidos caminham no sentido oposto, "modernizando" a estrutura externa dos seus estádios?

Talvez o maior exemplo disso é o projeto de remodelação do grandioso estádio de Wembley, em Londres. Nem mesmo as famosas Twin Towers (torres em branco na imagem do Wembley antes da reforma; figura abaixo), restaram após a demolição do antigo estádio. Fato é que o novo Wembley ficou incrivelmente belo após a sua reconstrução, porém a sua arquitetura foi brutalmente remodelada.

Wembley antes (acima) e depois (abaixo) da sua reconstrução iniciada em 2000  (referência 1)
Compreendi apenas há alguns meses o porquê do Mineirão permanecer com uma fachada praticamente igual a de antes da reforma. Para mim, como amante do futebol, o Mineirão representa o principal exemplo da chamada arquitetura brutalista.

Mineirão: na minha opinião, maior exemplo do brutalismo no Brasil (referência 2)

O brutalismo é um movimento arquitetônico que surgiu e se desenvolveu nas décadas que se sucederam à segunda guerra mundial. A guerra trouxe consigo a necessidade de projetos rápidos e baratos de reconstrução das áreas afetadas, algo que o brutalismo pôde proporcionar com o concreto aparente em suas construções, não havendo a necessidade de acabamentos específicos.

A origem do brutalismo é associada ao arquiteto sueco Hans Asplund, quando este utilizou o termo "novo brutalismo" (do sueco nybrutalism) para descrever uma casa construída em 1949 em Uppsala e foi adotado em 1954 pelo arquiteto inglês Reyner Banham para se referir a diversas obras daquela época em seu livro intitulado The New Brutalism: Ethic or Aesthetic? 

Apesar das referências a esses arquitetos, o marco inicial do brutalismo, trazendo algumas das principais características das obras desse movimento, é a chamada Unidade de Habitação (Unité d'Habitation) de Marselha, projetada pelo reconhecido arquiteto e urbanista Le Corbusier. As Unidades de Habitação fizeram parte de um programa de reconstrução do governo francês após a Segunda Guerra Mundial.
Unité d'Habitation de Marselha: o marco inicial do Brutalismo (referência 3).

Outra grande obra de Le Corbusier com características do movimento brutalista é o prédio da Assembleia Legislativa da Índia em Chandigah. A construção desse e de outros prédios tão representativos quanto no mesmo país foi realizada por Le Corbusier em um ambicioso plano diretor que, ao que parece, possuía um intuito que se assemelha ao que foi posto em prática em Brasília.

Prédio da Assembleia da Índia em duas perspectivas distintas (referência 4).
O movimento brutalista no Brasil foi adotado por diversos arquitetos e os traços desse movimento podem ser visto em inúmeras construções de norte a sul do país. Além do já citado Mineirão, projetado por Eduardo Mendes Guimarães Júnior e Gaspar Garreto, outros prédios podem e devem ser citados como grandes exemplos da arquitetura brutalista. Um deles é o estádio do Morumbi, desenhado pelo renomado arquiteto brasileiro Vilanova Artigas. É também de Vilanova Artigas o projeto de Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP-São Paulo.

    
Estádio do Morumbi (referência 5)
Prédio da FAU USP - São Paulo vista de fora e parte interna: belo exemplo do brutalismo de Vilanovas Artigas (referência 6)
Ainda em São Paulo, o MASP (Museu de Arte de São Paulo Assis Chateubriand) também traz os traços brutalistas na sua estrutura. Na figura abaixo (foto antiga do museu projetado por Lina Bo Bardi sem a tinta vermelha em suas pilastras), isso fica bastante claro. 

O MASP brutalista (referência 7)
Apesar dos prédios acima citados serem mais conhecidos, na minha opinião, um dos prédios mais interessantes de São Paulo, e que por isso eu não poderia deixar de mostrar, com traços brutalistas é o do SESC Pompeia.

SESC Pompeia em duas perspectivas (referência 8).
Quando se trata de brutalismo, a cidade do Rio de Janeiro não fica nem um pouco atrás de São Paulo. Duas belíssimas obras desse movimento chamam a atenção de qualquer pessoa que passe nos seus arredores. A primeira é o Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM). O MAM foi projetado por Affondo Reidy e está muito bem localizado no Parque do Flamengo próximo ao aeroporto Santos Dumont. O museu se integra perfeitamente à beleza do local, como pode ser visto na tomada aérea na segunda figura abaixo.  



    
MAM-RJ visto de ângulos e locais variados (referência 9).
Para fechar com chave se ouro, a mais bela construção do brutalismo no Brasil, na minha opinião, é claro, é a Cidade das Artes no Rio de Janeiro. Cidade das Artes é um complexo cultural projetado pelo arquiteto e urbanista francês Christian de Portzamparc e inaugurado, após uma série de polêmicas associadas ao seu custo e execução, no início de 2013. O projeto conta com diversas salas de aula, ensaios, cinema e teatro, além de uma sala de música de câmara, restaurante, cafeteria e lojas.

Tive a oportunidade de ver pessoalmente o prédio da Cidade das Artes numa das minhas visitas ao Rio de Janeiro. Na ocasião, eu estava no BRT me dirigindo até a praia da Barra da Tijuca, numa tarde de domingo. Ao chegar próximo ao terminal Alvorada, ponto final do BRT, vi aquele prédio imponente, com traços modernos e arredondados, vãos enormes (algo que lembra um pouco os trabalhos de Oscar Niemeyer) e baseado todo em concreto aparente. Não fazia ideia do que seria aquele prédio até fazer uma pesquisa depois. Não cheguei a encontrar nenhum texto sobre o brutalismo no Brasil que trouxesse essa construção como um de seus principais expoentes. Abaixo, pode-se ver algumas fotos dessa belíssima construção. Essas fotos nos mostram como o concreto aparente pode ser tão bem explorado e como o brutalismo na sua essência ainda está presente em projetos arquitetônicos contemporâneos.








Cidade das Artes em toda a sua beleza (referências variadas no google imagens).



REFERÊNCIAS:

quinta-feira, 7 de abril de 2016

Show do a-ha em Curitiba (15/10/2015)


Numa noite de quinta-feira, lá estava eu na fila que se formara nas proximidades do Curitiba Master Hall para presenciar uma das poucas bandas que fiz questão de ver ao vivo. O a-ha estava em uma turnê com vários shows pelo Brasil e na passagem deles por Curitiba, titubeei um pouco no início para comprar o ingresso, mas acabei optando por ir ao show. Engraçado eu ter titubeado para comprar o ingresso, mas parte disso se deve ao fato de que eu havia assistido o show deles no Rock in Rio alguns dias antes e, por várias vezes, eu achei que a voz do Morten estava um pouco desgastada e isso me decepcionou um pouco.

Bem, fui ao show. Logo na fila, um fã que estava na minha frente falou da experiência de ter encontrado os músicos no aeroporto, junto de vários outros fãs. Ele falou que eles foram super atenciosos, o que o deixou ainda mais empolgado para o show. Achei interessante porque a empolgação dele era visível. Na entrada do local, acabei me perdendo dele, pois o movimento estava grande e havia duas filas de revista. Segui uma e ele a outra.

Dentro, a casa já estava relativamente cheio. Acabei ficando num local mais para o lado esquerdo do palco um pouco depois da metade da pista. Como o local não era muito grande, a visão não ficou extremamente prejudicada. O problema mesmo é que o local era plano e o pessoal que ficou na minha frente acabaram bloqueando um pouco a minha visão do palco, de modo que por vezes não dava para visualizar os músicos. Outra crítica que faço ao local é que havia um ventilador próximo de mim que fazia um barulho que atrapalhava o show. Dá pra se dizer que o local, definitivamente, não era dos melhores. Ao menos o som das caixas estava bom.

Antes do show, fiquei a observar o local. Memorizei cada espaço. Tudo isso porque havia descoberto um pouco antes que foi ali naquele local que o Morrissey fez o seu show na sua primeira passagem pelo Brasil e por Curitiba em 2000. Fiquei a imaginar o Morrissey e sua banda, com o Alain Whyte na guitarra, bem ali em cima daquele palco,começando o show com "Hairdresser on fire". Teria sido mágico se eu tivesse ali há 15 anos. Fato é que no mês seguinte eu estaria embarcando para São Paulo para ver o Morrissey ao vivo! Mas isso é história para outro texto.

O show em si foi muito bom. Serviu para calar as minhas críticas de que a voz do Morten estava desgastava. Eles estavam ótimos. Tocaram muitos clássicos e músicas mais recentes. As mais recentes eu não conheço, admito. Não acompanho o a-ha. Mas a performance das clássicas foi realizada com maestria.

Foto do show que encontrei pela internet. Não tirei nenhuma foto nem filmei o show em nenhum momento. Aproveitei cada segundo.
A princípio, "Crying in the rain" foi a música mais comemorada por todos. A maior parte do público cantou a música inteira junto da banda. Mas é preciso ressaltar que antes dela, "Stay on these roads" já tinha emocionado a galera (inclusive eu). Pessoalmente, a música que mais gostei e que para mim foi totalmente inesperada no setlist foi "We're looking for the whales". Cantei ela inteira, a plenos pulmões. Foi fantástico. Hoje tenho o prazer de dizer que a ouvi ao vivo. Vendo o Morten, Paul e Magne bem ali por perto. Aliás, abro um baita de um parênteses para falar do Magne. Ele foi incrível com o público. Tentava nos agitar boa parte do show, se arriscando muito bem no português inclusive. Para mim, ele foi disparado o destaque da banda naquela noite. É importante deixar claro que os três foram muito simpáticos, mas senti sinais de cansaço especialmente no Morten. Suspeito que isso se deva à natural passagem do tempo.

O show prosseguiu e a cada intervalo de uma música para outra, o público pedia "take on me". Em "Hunting high and low", o público cantou o refrão e repetiu e repetiu, sendo incentivado principalmente pelo Magne. "The living day lights" não foi diferente. Quando a música acabou, todo mundo seguiu cantando: "Ooh... in the living daylights", mais uma vez com total incentivo do Magne. Até que, enfim, eles surgiram com "Take on me". A casa estremeceu. Todo mundo estava dançando e cantando. Foi fantástico. Foi definitivamente o clímax de um show que foi fechado com chave de ouro.

Saí do local ainda a tempo de pegar os últimos ônibus da noite. Nem precisei de taxi para chegar em casa. O que não quer dizer que o show foi curto, o local é que é bem localizado e relativamente próximo da minha casa. Voltei no ônibus extasiado, lembrando de cada momento daquele momento mágico.

Quem quiser dar uma conferida no setlist, segue o link:

http://www.setlist.fm/setlist/a-ha/2015/curitiba-master-hall-curitiba-brazil-73f462b9.html

domingo, 28 de fevereiro de 2016

Inscrições nos discos dos Smiths: the tatty truth


Certa vez, me deparei com uma foto de um vinil do single How Soon Is Now dos Smiths com uma descrição que dizia The Tatty Truth. Fiquei intrigado com essa descrição. Ao procurar pelo significado dessa expressão, acabei fazendo uma das descobertas mais incríveis relacionada aos Smiths e ao Morrissey: as gravuras ou inscrições que podem ser encontradas em vários dos vinis não só dos Smiths, mas também da carreira solo do Morrissey.

Vinil do single How Soon Is Now (Referência 1) 

Isso mesmo, para aqueles que ainda não sabem, sendo pegos de surpresa assim como eu, diversos dos vinis dos Smiths e do Morrissey possuem frases gravadas na própria matriz do vinil, com significados diversos. No single How Soon is Now, a inscrição que pode ser encontrada no vinil é exatamente The Tatty Truth, algo como a verdade barata, em português. Na realidade, tatty pode ser traduzido também como vulgar ou mesmo surrado.

Simon Goddard, em seu livro dedicado às canções dos Smiths Songs That Saved Your Life, se refere a essas gravuras como hieróglifos em que os apóstolos de Morrissey e companhia poderiam se deleitar ao segurar o vinil com ambas as mãos contra a luz e olhar atentamente para a área em que termina os seus sulcos, ou grooves (APPENDIX I do referido livro).

Na figura abaixo, pode-se observar a inscrição encontrada em outro single dos Smiths, Ask, com a música Cemetry Gates como lado B. A inscrição gravada no vinil desse single é Tomb It May Concern. Acredito que essa frase seja uma expressão em inglês derivada da expressão To Whom It May Concern que significa "a quem possa interessar". Tomb It May Concern significaria algo como "a tumba pode interessar".  
   


Lado B do single Ask com sua inscrição Tomb It May Concern (Referência 2)

Confesso que nunca me interessei em comprar algum vinil dos Smiths. Prefiro poupar uma grana para investir em outras coisas. Mas, depois que fiz essa descoberta, fiquei um pouco tencionado a comprar quem sabe algum que vir por aí. Apesar de nunca ter comprado nenhum vinil, encontrei um do Strangeways Here We Come largado na casa de um tio meu e o tomei para mim. Infelizmente, esse vinil ficou guardado na casa dos meus pais milhares de quilômetros longe de onde eu moro, de modo que não pude ainda verificar se esse tipo de inscrição está presente nele. Lamentavelmente, acho que isso é pouco provável, pois é preciso ressaltar que apenas os discos lançados no Reino Unido os possui.

Uma lista completa com todas as inscrições pode ser vista no link abaixo (vale a pena dar uma conferida):
http://www.geocities.ws/costelt/Lyrics/etching.htm


Johnny Marr de graça em São Paulo (Festival da Cultura Inglesa 2015)

Foi com uma imensa surpresa que em um dia comum eu descobri que haveria um show do Johnny Marr em São Paulo. Maior ainda foi a minha surpresa ao saber que o show seria de graça por fazer parte do Festival da Cultura Inglesa 2015. Estando em Curitiba e tendo perdido o show do Marr no ano anterior no Lollapalooza, me programei rapidamente para ir a São Paulo e tratar de não perder essa grande chance.

A viagem de ônibus foi bem tranquila. Cheguei no sábado a tempo de por o papo em dia com o meu primo, conhecer a Avenida Paulista e tomar algumas beras na Augusta. Algumas não, foram várias. Um copo atrás do outro e quando não esperava por nada mais além de uma bela noite de sono, uma parada num bar na Consolação para tomar mais algumas no balcão, enquanto alguns bêbados demonstravam toda a animação da bebedeira da noite em um karaokê localizado nos fundos.

Chego em casa e me deito. Acordo pela manhã logo cedo com a cabeça a rodar e um mal-estar horrível. Corro pro banheiro e ponho para fora o que comi no bar da Consolação. Preciso de água, mas tomo um pouco de chá verde que acho na geladeira. Alguns minutos depois, ponho o chá verde pra fora. Não teve jeito, tive que sair e comprar um engov para ter mais disposição para ir pro show. Funcionou maravilhosamente bem.

Saí de casa com a intenção de chegar mais ou menos uma hora e meia antes do show do Marr e foi isso que aconteceu. Quando Cheguei na estação da barra funda, a movimentação para o Festival era evidente. Havia várias pessoas com a camisa dos Smiths e gente com a camisa do evento para orientar as pessoas que chegavam para ir ao Memorial da América Latina. Já no memorial, pude me dar conta de onde eu estava. Lugar maravilhoso, desenhado pelas mãos de Oscar Niemeyer, arquiteto de maior expressão do nosso país. O memorial, cujo projeto cultural aliás foi feito por Darcy Ribeiro, outro grande nome da expressão cultural do nosso país, era o plano de fundo perfeito para o guitarrista do norte da Inglaterra associado de certa forma a movimentos populares. E lá estava eu com o palco ao fundo do lado da famosa esculta de concreto da mão com o mapa da américa latina vermelho com o que seria sangue a escorrer, uma clara referência ao Veias Abertas da América Latina do Eduardo Galeano. Vergonhosamente, reconheço que ainda não li esse livro. Mas em breve lerei O Povo Brasileiro do Darcy e em seguida, "veias abertas" virá com tudo. Espero escrever algo sobre esses livros no futuro.

 

Monumento do Niemeyer inspirado no livro As veias Abertas da América Latina

Quando cheguei no Festival, a banda The Strypes estava finalizando o show. Aproveitei a movimentação do pessoal após o fim do show dos caras para me aproximar do palco, acompanhar o show da Gaby Amarantos e ansiosamente esperar pelo show do Marr. Bem, o show da Gaby Amarantos merece algumas notas. Não tenho nada contra a Gaby e o tipo de música que ela produz, o problema é que ela arriscou cantar algumas músicas dos Smiths sem sequer saber a letra completa! Eu estava bem próximo do palco, para ser mais exato, bem em frente às caixas de som do lado direito. Deu até pra ver que a Gaby estava olhando, junto com as suas convidadas, para o que seria uma tela no chão do palco, provavelmente lendo as letras e ainda assim se perdendo em vários momentos. O que falar da performance de Heaven Knows? Acho que ela poderia ter se esforçado um pouco mais na preparação para cantar Smiths. Ficou devendo um pouco.


Foto do local do Festival. Dá pra ver a  mãozinha do Memorial no canto esquerdo da imagem 

O show da Gaby acabou e eis que depois de certo tempo surge o grande astro da noite. O show do Marr começou com Playland, bela música, mas que não está na minha lista de músicas favoritas da sua carreira solo. A minha emoção foi a mil mesmo quando ele começou a segunda música da noite: panic. Em panic, eu pude perceber que eu estava tendo naquela noite a oportunidade de presenciar uma performance musicalmente muito próxima do que era os Smiths. Na realidade, com as próximas músicas dos Smiths que ele tocou, arrisco-me até mesmo a dizer que a performance do Marr e sua banda musicalmente falando é ainda melhor do que várias das performances dos Smiths ao vivo. Esse foi o grande destaque daquela noite. Foi algo que verdadeiramente me surpreendeu, pois as performances pós-Smiths das bandas recrutadas pelo Morrissey que eu já tinha visto e ouvido não passam de covers perto da performance do Marr naquela noite. Sobram as críticas de sempre de que o Marr não serve para cantar, algo que eu discordo e que aquele show pôde me mostrar isso claramente. 

Johnny Marr com sua Fender Jaguar no Festival da Cultura Inglesa
O show continuou com várias músicas do Marr, das quais destaco New Town Velocity, Easy Money e The Messenger. New Town era uma música muito esperada por mim por ter um clip com muitas referências arquitetônicas em uma espécie de psicogeografia em Manchester. As outras, obviamente, eram esperadas por estarem entre as mais conhecidas dele.


New Town Velocity em uma das tomadas destacando um pouco da arquitetura de Manchester 

O momento mais emocionante do show, como era de se esperar, foi reservado para There's a Light That Never Goes Out. O público cantou boa parte da música junto com ele. Senti que definitivamente até mesmo quem não fazia ideia de que o Johnny tinha agora uma carreira solo estava cantando. Foi mesmo um momento mágico.

There's a Light poderia ter sido a última música do show, mas isso já tinha sido feito no ano passado no Lollapalooza. No Festival da Cultura Inglesa, sobraram mais quatro músicas: Stop me if You Think You've Heard This One Before, Upstairs, o belo cover de I Feel You do Depeche Mode e fechando com chave de ouro, a icônica How Soon Is Now. Foi com How Soon Is Now, maravilhosamente tocada por Marr e sua banda, que aquele show incrível foi finalizado.

Na saída do Memorial, pessoas com camisas dos Smiths iam embora mais do que felizes. Tive tempo de procurar por alguns fãs dos Smiths que havia conhecido no facebook e acabei me encontrando com um deles. Tiramos fotos e registramos o momento. Voltei para Curitiba no mesmo dia com uma vontade louca de registrar aquele grande show e torcendo para que eu tenha alguma outra oportunidade de estar presente em um show do Marr. Não custa cruzar os dedos.


Setlist do show:

Playland
Panic
The Right Thing Right
Easy Money
25 Hours
New Town Velocity
The Headmaster Ritual
Back in the Box
The Messenger
Generate! Generate!
Bigmouth Strikes Again
Candidate
Getting Away with It
There Is a Light That Never Goes Out
Stop Me If You Think You've Heard This One Before
Upstarts
I Feel You
How Soon Is Now?